ATENTADO CONTRA A ADVOCACIA
O recente crime cometido contra o advogado Walmir
Cunha, em seu escritório, impõe à advocacia muito mais que lamentações e
desejos de melhoras ao colega. Precisamos refletir e, especialmente, agir!
Trata-se de mais um caso de crime contra advogado
no Estado de Goiás, ligado ao exercício de sua profissão e/ou ocorrido dentro
de um escritório de advocacia. Os outros não foram elucidados. Nenhum culpado
identificado, ninguém penalizado.
Considerando o papel institucional da advocacia de
defesa do cidadão e de luta pela efetivação de estado de direito, crimes contra
a profissão são intoleráveis. Ofender a advocacia é atentar contra o nosso
sistema de justiça, uma tentativa de causar a inércia social perante o injusto.
É indiscutível que o mundo vive uma era de
intolerância e agressividade e que, em nosso Estado, a criminalidade tem
aumentado de forma insuportável. Difícil, por outro lado, compreender porque
tais crimes têm acontecido pontualmente com a advocacia e como fazer para
encerrar esse filme de terror.
A crise de mercado da advocacia, aliada ao
individualismo que caracteriza a humanidade nessa quadra, parece ter criado uma
categoria que aceita o que especialmente ela não pode aceitar, como: violações
reiteradas às nossas prerrogativas, aumento intolerável de criminalidade,
crimes não devidamente investigados, entre outros.
Cobramos como deveríamos a solução dos crimes
passados? Indignamo-nos como deveríamos com tais casos? Possivelmente, não. Ao
que parece, a precariedade de nosso ambiente de trabalho nos tirou da posição
de protagonistas sociais e, sem percebermos, nos tornamos, em boa parte,
grandes bajuladores sociais.
O Estado não tem crédito que lhe permita darmos um
voto de confiança na solução do atual caso. Sabemos nós, operadores do direito,
que a impunidade é a fertilidade dos criminosos. Não podemos simplesmente, mais
uma vez, só aguardar uma solução para este caso. Precisamos contribuir para que
a mesma ocorra.
Assim, é preciso que mudemos alguns paradigmas
atuais. Para tanto, imprescindível que a vontade de nossos líderes de lutar por
uma solução deste último bárbaro atentado seja maior que o medo de desagradar
um ou mais burocratas.
É imprescindível que a classe se mobilize. O sangue
que corre na veia de cada advogado do Estado é mais forte que a pólvora que
atingiu nosso colega. Precisamos de uma outra e diferente explosão.
Arthur Rios Júnior é advogado imobiliário e da
Construção Civil.
Artigo publicado no jornal O Popular em 24/07/2016
- 05:00
Por Dr. Arthur Rios Júnior
Sócio da Arthur Rios Advogados desde 2006
Graduado pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
Especialista em Direito Civil e Processual Civil, Universidade Cândido Mendes
Especialista em Direito Corporativo (LL.M.), Ibmec
Especialista em Direito Tributário, Ibet
Co-autor "Manual De Direito Imobiliário" (Juruá)
Vice-Presidente da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB/GO, 2013/2015
Presidente da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB/GO, Subseção de Aparecida de Goiânia, 2016/2018
Árbitro na 2ª Corte de Conciliação e Arbitragem de Goiânia de 2014 a 2019
Conselheiro Jurídico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil desde 2014
Diretor em Goiás do Instituto Brasileiro De Direito Imobiliário (Ibradim)
Presidente da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAG/GO, 2022/2024
Atuação no Direito Imobiliário e da Construção desde 2001.