A Construção Sustentável e os Prédios Verdes

A preocupação ambiental tem se tornado cada vez mais freqüente no mundo contemporâneo. Problemas como aquecimento global, poluição e escassez dos recursos naturais, cobram da sociedade uma maior conscientização e adoção de práticas positivas voltadas para o desenvolvimento sustentável, desenvolvimento este que atende às necessidades do presente, sem comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras.

Nesse contexto, surge no setor da construção civil[1], um novo tipo de imóvel, atraindo uma grande parcela de construtoras, incorporadoras e clientes. Trata-se dos ‘green buildings’ (traduzindo, ‘prédios verdes’), construções ecologicamente corretas, limpas, sem desperdícios e com pouco impacto ambiental, possibilitando ainda, economia de até 50% no consumo de água e de energia elétrica.

A idéia principal é minimizar o uso de insumos e, ao mesmo tempo, ampliar a utilização de material renovável ou reciclável nas edificações, como uma maneira de compensar a agressão à natureza decorrente do processo de crescimento vertical das cidades.

Se não bastasse, proporciona grandes benefícios para seus consumidores. Quem não quer ter um apartamento claro, termicamente confortável, com ambiente saudável e que gaste menos água e energia?

Estudos realizados em prédios comerciais com a Certificação Verde (Leed) comprovaram que há uma melhora efetiva no bem-estar de quem trabalha neles. Como exemplo, temos o caso da sede da empresa americana de biotecnologia Genzyme, localizada em Cambridge, nos Estados Unidos. A vista privilegiada proporcionada pela extensa fachada envidraçada e teto de vidro parece ter feito muito bem aos funcionários. A produtividade do pessoal que dá expediente na nova sede, inaugurada em 2004, aumentou 15%. Além disso, o índice de ausências devido a doenças tornou-se 5% menor que o registrado nos demais edifícios da companhia.

O edifício verde, além de beneficiar o meio ambiente, garante o bem estar de seu usuário - faz bem para a saúde, para o bolso e para o planeta. Referidos prédios são planejados para que os recursos naturais sejam otimizados, o que acaba por refletir na redução também da taxa condominial em até 30%.

Para se obter a certificação verde (Leed – sigla de Leadership in Energy na Environmental Design), vale investir em energia solar, sistema de sensores de presença, tecnologia para o reuso da água, churrasqueira ecológica (não produz fuligem e não consome carvão vegetal), medidores individuais de gás e água - para incentivar o controle dos recursos por apartamento - e sistema de ventilação natural.

O custo de construção de um edifício desse porte pode ser maior do que o de projetos convencionais (atualmente, cerca de 2% a 5%), mas esse ‘valor extra’ acaba se pagando pela economia gerada depois que o edifício entra em operação (cerca de 30% a 50% de economia dos recursos durante o uso e ocupação do imóvel).

O Poder Público Municipal pode exercer papel importante no desenvolvimento e implantação da construção sustentável de nossa cidade. Através de significativas mudanças no plano diretor, o prédio verde poderá ter o mesmo grau de competitividade em valor que um prédio convencional. A prefeitura poderá, por exemplo, como incentivo, conceder mais pavimentos ao prédio verde, aumentando o índice de área construída. Poderá ainda, reduzir o IPTU, implantar projetos de coleta seletiva de lixo, etc...

Por outro lado, práticas atuais têm demonstrado que a adoção de soluções ambientalmente sustentáveis na construção não acarreta em um aumento de preço, se tomadas durante as fases de concepção do projeto. Em alguns casos, podem até reduzir custos.

Esse nicho de mercado é hoje um diferencial, mas no futuro se transformará em requisito, pois está dentro da necessidade urgente de melhores indicativos de qualidade de vida. E Goiânia, como a cidade brasileira com o melhor índice em qualidade de vida[2], não poderá ficar de fora.... E qualidade de vida também implica em meio ambiente saudável, tanto o natural, como o artificial.

"Os prédios com sistemas ambientalmente corretos vão ampliar seu valor, enquanto os edifícios convencionais vão se desvalorizar." Essa obsolescência pode ser ainda mais acelerada caso as legislações ambientais continuem a se tornar mais rigorosas, como tem sido a tendência nos últimos anos. Há dois anos, o estado de Washington tornou-se o primeiro nos Estados Unidos a impor padrões ambientais mínimos similares ao Leed em novas construções. A cidade de São Francisco, na Califórnia, está em fase final de regulamentação para seguir o mesmo caminho. Em São Paulo , entrou em vigor em janeiro uma lei estadual que obriga a instalação de sistemas para retenção da água da chuva em construções com grandes áreas impermeabilizadas uma das características clássicas dos prédios verdes” (Thassanee Wanick, Presidente do Green Building Council Brasil, instituição criada para certificar edifícios brasileiros com o selo Leed).

Fontes:

American Society of Civil Engineers. Disponível em: http://www.asce.org/

Green Building Coucil Brasil. Disponível em: http://www.gbcbrasil.org.br/pt/,

Banco Real – Projetos Sustentáveis. Disponível em: http://sustentabilidade.bancoreal.com.br

http://planetasustentavel.abril.ig.com.br/bancoreal/

http://www.amazoniaparasempre.com.br/
 

[1] De acordo com pesquisas realizadas no ano de 2008, pelo Worldwatch Institute e pela American Society of Civil Engineers  (ASCE), o setor da construção civil responde por 40% do consumo mundial de energia e por 16% da água utilizada no mundo, sendo responsável por entre 15% a 50% dos recursos naturais extraídos do planeta. A construção de edifícios, por exemplo, consome 40% das pedras e areia utilizados no mundo por ano, além de ser responsável por 25% da extração de madeira no mesmo período. No Brasil, consome cerca de dois terços da madeira natural do país. Em 2006, pesquisa realizada por esta última Associação informou que a questão ambiental é uma das maiores preocupações dos empresários do setor de construção no mundo, ocupando o segundo lugar no ranking geral.
 

[2] De acordo com pesquisa coordenada pela empresa de marketing e propaganda Brasil Américas, em parceria com sistema Fibra (Sesi, Senai, Iel), Jornal do Brasil e Associação Nacional dos Municípios Produtores (Anamup) em 2008.

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